sábado, setembro 18, 2010

Teu mundo, meu mundo

Tu não falava nada, e eu já tava puto com isso.

-Fala

Eu te olhava, tu não olhava pra mim, preferia encarar uma mancha no chão, uma aranha na parede, ou qualquer coisa que teus olhos te mostrassem

Eu queria estar nos teus olhos, quando olhavas pra mim eu me via refletido e me iludia, eu não passava dos olhos eu nunca cheguei no coração, tive teus peitos, tua boca, teu pescoço, invadi o terreno entre tuas pernas, fui o próprio napoleão, mas padeci em waterloo antes de chegar no teu coração, queria arrancar teu coração e tatuar meu nome nele, teu coração com minha assinatura, teu coração seria minha posse, e ai tudo seria resolvido

Tu não disse nada, a porra da aranha ainda era mais interessante que eu.

Meu ego encontrou uma voz que não era minha e repetiu.

-Fale Mulher!

Me assustei com o que disse, a frieza que as palavras "Fale Mulher" dava pra minha fala, tu me percebeu, fiquei satisfeito, meu ego ficou satisfeito, senti um arrepio correr o teu corpo e você diminuir, eu me senti poderoso, e pensei que fosse ser assim, tu levantou os olhos até meu pescoço e parou o olhar ali, tu gostava de beijar meu pescoço, ou pelo menos fingia gostar. abriu a boca e disse.

-Eu não tenho o que te dizer, eu não sei o que te dizer, todas as palavras que eu conheço, qualquer coisa que eu diga tu não vai aceitar, eu te conheço, até melhor que tu, então não vou dizer nada, eu não te amei, se é isso que chateia você.

Depois de dizer isso tu levantou o olhar, me olhou no rosto, mas evitou meus olhos, focou os teus em algum lugar entre minha boca e meu nariz, teu olho esquerdo tremia um pouco, tu mentia, tu me conhecia mas eu te conhecia também, eu memorizei teu rosto, quando dormia eu via teu rosto, mesmo quando meu ego não queria ver.

-Vai terminar assim então? vou pra casa bebo, te xingo, xingo a tua mãe, saio bêbado na rua mando cada mendigo que eu encontrar pro inferno, volto pra casa de manhã fumo todos os cigarros que perdi nesse relacionamento e durmo caido no chuveiro, acordo ás cinco da tarde e jogo fora as tuas calcinhas que competem espaço na minha gaveta de cuecas, minhas cuecas ja moraram sozinhas, elas podem voltar sem problemas.

Tu ainda não encarava meus olhos e isso me irritava, eu falei aquela merda pra ter alguma reação, queria te fazer rir, ter raiva, me achar ridículo, um pateta completo, queria que fosse como antes que qualquer besteira te fazia sorrir, qualquer grosseria te fazia chorar, mas isso não aconteceu, tu estava fria, distante, voltou a encarar o chão, pegou a bolsa que tinha largado no sofá e numa voz de secretária eletrônica simplesmente disse:

-Vou embora agora, se não for jogar as calcinhas fora você pode mandar depois pra mim
eu não guardo rancor de nada, eu vou lembrar de você assim, por que assim que eu gosto de lembrar.

Tu fez menção de ir embora, ia se virar e fugir dali, ia sair de mim e isso eu não aceitaria me contrariei, e me estiquei como um galo, como um gato, como um homem, avancei como um exército e roubei um ultimo beijo, senti tu me beijar também senti tu me morder os lábios a tua língua brigando com a minha senti todo o nosso mundo virar um e por fim se separar.

Depois de tudo eu te larguei, tu demorou pra abrir os olhos, tu abriu eles devagar, eles se encontraram com os meus, me vi nos teus olhos, tu se virou, atravessou a porta e parou, olhou pra traz e disse thau, eu não disse nada, eu não ligava mais, eu não pensava mais eu não sentia mais, nos nossos ultimo momentos, eu era tua boca, eu flui no teu corpo, eu era teus olhos, teu mundo, todo o teu mundo, era de novo meu.

3 comentários:

  1. De todos os orgulhos que tenho(que são muitos) tu és o maior... Adorei!

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  2. ta bacana! mulher f.d.p essa! mas mulher tem que ser assim mesmo!

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  3. Não acho ela uma fdp, relacionamentos acabam. É a vida.
    Gostei do post, foi bem ousado usar o pronome na 2ª do singular e o verbo na 3ª.
    Thats it:)

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